BEBENDO NA FONTE COM MIRDAD
Percebo
que minhas palavras são muito escorregadias para as vossas mentes, mas a
boa vontade as tornará em degraus seguros e firmes que vos hão de levar
à perfeita Compreensão.
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Firmai-vos em mais do que palavras e em mais do que vossas mentes, se
desejardes chegar às alturas a que Mirdad deseja que chegueis.
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Venerai, meus Companheiros, a Mulher e santificai-a. Não no papel de
mãe da raça, nem como esposa ou amante, porém como gêmea do homem e sua
sócia, cota por cota, na longa fadiga e sofrimento da vida dualística,
pois sem ela não pode o homem atravessar o segmento da Dualidade.
Somente nela ele encontrará a sua unidade, e nele a encontrará a sua
libertação da Dualidade; e os gêmeos serão a seu tempo reunidos em um,
“0 que se libertou,”, que não é nem masculino nem feminino: o Homem
Perfeito.
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É longo o curso da Dualidade, e tolos são aqueles que o medem com
calendários. A Eternidade não se mede pelas revoluções das estrelas.
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O Homem saiu do Éden pelo duplo portão do Bem e do Mal; a ele voltará
pelo portão singelo da Compreensão. Retirou-se dando as costas à Arvore
da Vida; voltará com o rosto voltado para essa Arvore. Inicia sua longa
e penosa viagem, envergonhado da sua nudez, e tendo o cuidado de
esconder a sua vergonha; chegará ao fim da sua viagem com a sua pureza
sem aventais e o coração ufano da sua nudez.
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Não espereis por nenhum milagre que vos salve de vós próprios, nem
receeis a dor; a Compreensão nua converterá a vossa dor em um perene
êxtase de alegria.
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Sim, quando a Velhice desce sobre uma pessoa, então é chegada a hora,
meus companheiros, de emprestarmos a ela ouvidos e olhos e de dar-lhe
mãos e pés e amparar com o nosso amor as forças que a abandonam, fazê-la
sentir que ela não é, de modo algum, menos amada pela Vida nos dias da
sua decadência do que nos dias em que era uma criança que crescia, ou um
jovem a desenvolver-se
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Assim como a Morte te livrará da Morte e a Vida te libertará da Vida,
o Tempo te libertará do Tempo. O Homem se cansará tanto das mudanças
que tudo nele ansiará e almejará apaixonadamente por aquilo que é mais
poderoso do que as mudanças. E é certo que se encontrará a si mesmo.
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A Estrela da Manhã, a Via Láctea, as Plêiades não são menos moradas
para o Homem do que esta Terra. Cada vez que elas enviam um raio para os
seus olhos, o elevam até elas. Cada vez que ele passa sob elas, as
atrai para si.
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A lei do Tempo é a repetição. Aquilo que
uma vez ocorre no Tempo está fadado a ocorrer de novo e tornar a
ocorrer; os intervalos, no caso do Homem, podem ser longos ou breves,
dependendo do desejo de cada homem e da vontade de repetir.
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Em verdade vos digo: o servo é o mestre do
mestre; o mestre é o servo do servo. Que o servo não abaixe a sua
cerviz. E que não a levante o mestre. Seja abatido o orgulho mortal do
mestre. Seja arrancada a vergonhosa vergonha do servo.
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O homem é um Deus enfaixado. O Tempo é uma
faixa. O espaço é uma faixa. A carne é uma faixa e do mesmo modo são
faixas todos os sentidos e as coisas por eles percebidas. A mãe sabe que
as faixas não são a criança. A criança, porém, não sabe.
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Aquilo que o Dia alvoroçado e
despreocupadamente apaga, a Noite restaura com a sua extraordinária
magia. Não se escondem a lua e as estrelas do ofuscamento do Dia? Aquilo
que o Dia afoga na sua fantasiosa simulação, a Noite exalta nas suas
extáticas canções. Até mesmo os sonhos das plantas ampliam o coro da
Noite.
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