jueves, 15 de diciembre de 2011



NOVA REFORMA OU RESTAURAÇÃO? A IGREJA VOLTANDO ÀS SUAS RAÍZES BÍBLICAS E APOSTÓLICAS

Por Marcelo M. Guimarães (*) 


Eu estou plenamente convencido de que a Igreja Evangélica não precisa de uma nova reforma, como muitos querem e defendem esta emergente necessidade. Mas, a cada dia que conheço mais a Palavra, a Bíblia, me deparo com quase uma outra igreja que existiu há 2000 anos, a Igreja de Atos dos apóstolos, a igreja do primeiro século, estabelecida nos ensinamentos da Torá, dos profetas, de Yeshua e de seus apóstolos.
Quando um avião sai da rota, um piloto experiente sabe que ele correrá um grande risco de errar completamente o destino ao tentar corrigir sua proa na posição que ele pressupõe estar. A instrução recebida neste caso é que ele faça uma guinada de 180º graus para se alinhar ao sinal de rádio que seu aparelho recebe do lugar de origem e com base nesta posição de origem, ele novamente toma a direção do seu destino. Ou seja, ele precisa tomar a direção de origem para novamente tomar a proa correta do seu destino. O mesmo precisa acontecer com a Igreja de Jesus. Ao se perceber algo errado na direção doutrinária, seus líderes deveriam voltar à origem, a Bíblia, e determinar ou interpretar corretamente seus santos princípios, corrigindo seus desvios. O que normalmente acontece é re-interpretar o que disseram os pais da igreja e fundadores de denominações, sem necessariamente comparar suas opiniões com a santa palavra de Deus.
Neste contexto, a restauração vem com a proposta de continuar os princípios da reforma, porém, aprimorando-os, corrigindo-os e complementando-os com elementos bíblicos e apostólicos esquecidos e desprezados no séc. XVI. A restauração não anula a reforma, mas APRIMORA-A. A restauração é o desenvolvimento inevitável e natural dos ideais reformistas, pois viabiliza de forma verdadeira e corrigida uma de suas principais premissas: “sola scriptura” – A autoridade para as nossas vidas está APENAS nas ESCRITURAS (no contexto original e correto das mesmas). 

O termo “restaurar” fala por si mesmo e difere muito do termo “reformar”. O ato de reformar alguma coisa, como um sofá, por exemplo, dá a liberdade ao dono de colocar um novo tecido não necessariamente igual ao original. Se o original era couro, a pessoa tem a liberdade de trocá-lo por outro diferente, por exemplo, por um tecido plastificado, um courvin. Já no caso de restaurar algo, essa liberdade de escolha não existe, pois se trata de uma restauração, ou seja, é necessário usar o  material original, sem nenhuma variação na textura, cor, densidade, etc. Portanto, o restaurar é fazer voltar ao estado de origem. Na língua hebraica o termo “TIKKUN” tem este sentido de retornar à origem, restaurar e consertar sem desvios do modelo original. O termo “TESHUVÁ” também pode ser usado, sendo traduzido por arrependimento, mudança ou conserto de direção.
A igreja tem sido reformada desde quando saiu do controle de Roma. Foi um bom tempo, creio! Mas agora se percebe uma necessidade urgente de mudança. Há muitos desvios, muitas divisões entre seus membros que se dizem pertencer ao mesmo Corpo de Cristo. São tantas as doutrinas, são tantas opiniões diferentes que se torna impossível unir esses irmãos novamente num só propósito e direção. Há um ditado judaico que diz que onde há três judeus, há quatro opiniões. Mas, eles continuam judeus e cooperam uns com os outros em função de uma causa maior, a preservação do judaísmo e de suas raízes. No meio evangélico vejo que onde há três evangélicos, há três completas diferentes denominações competindo entre si, tentando até mesmo a destruição uma da outra. Não são amigos, tornam-se inimigos por causa de dogmas. Uns se tornam inquisidores dos outros, estabelecendo seu padrão da única e soberana verdade. O que tenho visto é muitos hereges combatendo outros hereges. Teólogos de si mesmos, tentando acusar, difamar e caluniar irmãos do mesmo chamado Corpo de Cristo. É um caos e suas atitudes os condenarão, serão vítimas de seus próprios erros.
Eu tenho dito há muitos anos que aquilo que nos une como membros do mesmo Corpo precisariam falar mais alto do que nossas diferenças e interpretações doutrinárias. Se o que nos une é o Sangue de Cristo, o novo-nascimento Nele, nossa mudança de vida, nossa fé num só Deus, num só messias, numa só Bíblia, isto precisaria falar mais alto do que nossas diferenças. Ou seja, eu creio que Deus quer nossa unidade, mesmo que haja diversidades de opiniões. Isto não é ser ecumênico, isto não é deixar nossa liberdade de interpretação. Pelo contrário, deveríamos nos amar mais, servir mais uns aos outros e discutir menos os aspectos doutrinários e interpretativos. Afinal, revelações são para ser vividas e não para ser discutidas, pois a espiritualidade é individual e há níveis diferentes para o viver por fé, segundo a fé de cada um. Maturidade espiritual não vem de modo igual para todos. Deus trabalha com nossa individualidade. Ele nos vê como seres autênticos à Sua imagem e Semelhança e não como robôs evangélicos.
Urge que a Igreja ande e viva os princípios bíblicos vividos e proclamados pelos profetas, Yeshua e Seus apóstolos. Queremos ser restaurados rumo à igreja do primeiro século. Isto não é voltar ao primitivismo das coisas, mas sim resgatar princípios e instruções santas, eternas e imutáveis dadas pelo Espírito Santo de Deus. Portanto, marchemos rumo à igreja do primeiro século, restaurando nossas raízes da fé. É hora de reconstruir uma igreja santa, pura, sem mácula e sem defeito, cheia de poder, unção e união. Há uma redenção total por vir, há um reino por vir, há um messias que reinará com Seus eleitos sobre as nações.
 Não é fácil mudar conceitos. Imagino como Lutero sofreu com aqueles padres religiosos e zelosos com toda a tradição e fidelidade à sua ordem religiosa. Creio que é necessário um momento de reflexão, de coragem, e muita disposição para pagar um alto preço pela verdade. Lutero pagou um preço caro com sua própria ex-comunhão da Igreja Católica. Muita coisa mudou, mas será que a reformar cumpriu seu papel cabalmente? Será que temos algo ainda a mudar? Será que já alcançamos uma estatura de fé e maturidade aos padrões de Cristo?

Nosso Deus é bom e eu já percebi que Ele gosta, na maioria das vezes, de trabalhar com lógica e no tempo determinado. Tudo precisa estar no Seu tempo. Ele também nos trata assim: devagar! A verdade é que nós não estamos preparados para uma mudança radical, corrigindo nossos próprios erros. Confesso que não sei o que acontecerá, mas sinto uma força dentro de mim que me impulsiona para frente, para ver e gerar uma Igreja pura, santa e sem defeito, sem ruga (Ef 5:27) e sem mácula, pois a ´noiva´ Dele é nova. Esta é uma grande revelação que recebi do Senhor. A noiva é nova, pois ela não tem “rugas”. Isto me mostra que esta igreja que está aí liderada por santos homens de Deus precisará também passar por mudanças radicais. A Reforma não foi suficientemente eficaz para produzir uma noiva à altura (em fé e maturidade) do nosso noivo judeu, Jesus, o Yeshua Há Mashiach. Poucas pessoas atentam para isto. Jesus, como judeu, procura uma noiva entre judeus e gentios, mas ambos crentes no coração e no contexto judaico da fé.[1] O movimento judaico messiânico autêntico tem dado uma pequena contribuição para esta conexão Igreja e Israel. Por outro lado, vemos a Igreja muitas vezes distante de suas raízes e propósitos. Há sem dúvidas, muitas coisas para serem mudadas tanto na Igreja como em Israel. Confesso que não avocarei para mim nenhuma responsabilidade de como mudar, dando fórmulas, ou dogmas, bulas, etc. Os pais da Igreja e da Reforma já fizeram isto e acabaram cometendo erros.  Lutero, se estivesse vivo, estaria vendo a igreja Católica se esforçando por grandes mudanças para voltar e se moldar à Palavra. Os evangélicos que teriam, ao meu ver, grandes revelações, estão muitas vezes entretecidos com o evangelho da prosperidade e bens materiais, encantados com o relativismo e o poder da política.  Oremos para que Deus levante homens profetas em nossos dias. Homens que falam por Ele e não o que descobriram ou sabem Dele. Oremos para que Deus levante verdadeiros evangelistas, mestres, pastores e apóstolos também, mas, sobretudo, profetas corajosos. Teremos que enfrentar principados e potestades jamais vistos nos tempos finais. E para isto estes homens terão que estar certíssimos de seu chamado divino, capacitados, disciplinados, destemidos para a guerra.
O que poderíamos fazer neste momento?

1- Primeiro, é necessário assumir uma atitude sincera e honesta em relação às fraquezas e imperfeições que os líderes da Igreja provocaram na comunidade, quando se afastaram de muitos princípios bíblicos vividos e promulgados por Yeshua e pelos apóstolos no primeiro século;

2- Segundo, deve-se reconhecer também que houve um distanciamento do contexto judaico do Novo Testamento e que uma grande gama de costumes e tradições pagãs infiltraram na doutrina cristã;

3- Terceiro, estar convencido que é necessário começar um processo de mudança, voltando à origem e tomando os pontos falhos ou esquecidos pela Reforma;

4- A Igreja de Yeshua deve se arrepender nos pontos em que se desvirtuou, revendo sua doutrina e sua teologia, tendo como único padrão, a Bíblia, interpretada no contexto na qual foi escrita;

5- Deve-se ter a humildade de aceitar e reconhecer o que o Espírito Santo tem feito e que ainda fará no Corpo de Cristo;

6- Precisamos rever e reler o Novo Testamento no contexto judaico no qual ele foi escrito. Não se trata de judaizar a igreja. “Haz vê Halila”![2], mas precisamos conhecer alguns textos no contexto original que mal interpretados fizeram com que a Igreja se separasse de Israel e de seu povo;
7- Precisamos voltar a estudar e entender os princípios da Torá e dos profetas e aplicá-los em nossas vidas para testemunho no caminhar pela fé. Há hoje um entendimento errôneo da Graça e da Lei de Deus. Hoje a Igreja tem perdido bênçãos e muitas bênçãos por desconhecer a conexão entre a graça e as instruções de Deus, a Torá.

8- Ser pacientes e tolerantes com aqueles que virão em resistência.
9- A Restauração está disponível para todos, mas isto não significa que todos da Reforma optarão por ela. Da mesma forma que a mensagem da Reforma está disponível a todos, mas a grande maioria dos católicos ainda não se atentou para ela nesses últimos 500 anos.
10- Oremos para que o movimento da Restauração não venha acompanhada de um novo cisma no Corpo de Cristo.

Por onde começar a Restauração?

O Ministério Ensinando de Sião-Brasil não tem nenhuma “fórmula” ou “know-how” para rotular o que seria restauração e, tão pouco, temos essa intenção. Nosso propósito é chamar atenção do Corpo de Cristo para a necessidade de voltarmos só para a Bíblia. Portanto, os pontos sugeridos abaixo são meras observações de cunho e experiência pessoal como já disse,  não representando assim, nenhum ponto exclusivo, doutrinário ou teológico do movimento messiânico, o qual também necessita de restauração;
Nossa proposta de restauração abrange primeiramente o indivíduo como membro do Corpo de Cristo. Cremos que um indivíduo restaurado gerará uma família restaurada e um conjunto de famílias restauradas produzirá, conseqüentemente, uma igreja restaurada igreja.

Estamos num processo de oração e de busca por uma igreja santa, puramente santa e isto tem sido nosso pilar central. Temos um ‘noivo’ padrão, Yeshua, e queremos segui-lo. Portanto, não se trata de levar a Igreja gentílica a nenhum tipo de judaísmo ou tradições judaizantes. Mas, não podemos nos esquecer que nosso noivo viveu como judeu zeloso com seus princípios e tradições e que Ele não perdeu Sua identidade.

a)A restauração do Indivíduo: A restauração da alma do indivíduo é um tema bem conhecido por todos e por isso, dispensamos comentários. Crentes precisam valer-se da restauração para se livrarem da solidão, depressão, ansiedade e de outras doenças do mundo psíquico. Preocupam-se muito com a cura do corpo, enquanto muitas das causas das enfermidades estão na alma do homem. Rei Davi disse: “A Torá é perfeita e restaura a alma.”[3]

b) A Restauração da Família: O mover do Espírito Santo de Deus tem nos levado a isto. Logo depois ao movimento da cura interior, mais ou menos há 25 anos, a igreja engendrou muitos seminários e encontros para casais. O movimento “Casados para sempre” é um bom exemplo disso. Encontro nos lares também tem contribuído até hoje para que toda a família cumpra o propósito de Deus, vivendo em harmonia e estabilidade no plano divino. É a extensão da Igreja nas casas. Nossa família ainda é nossa primeira igreja. Precisamos fazer disso uma realidade em nosso meio.

c) A Restauração da Igreja: Esta tem sido agora a ênfase do momento e nosso ministério se sente chamado para ajudar nessa necessidade. Percebemos também que no mundo todo estão surgindo ministérios específicos de ensino mais do que em todos os tempos até então. É de novo o Espírito Santo de Deus agindo progressivamente, preparando sua noiva, Sua igreja. Precisamos questionar tudo o que estamos vendo, como por exemplo, devemos dividir o Corpo de Cristo em Células ou devemos deixá-lo como Corpo, porém mudando a forma de tratá-lo? Nossas comunidades e congregações devem ser menores a fim de que o presbitério fundamental de pastores, mestres, profetas, evangelistas e apóstolos possam trabalhar juntos ou em qual outro sistema devemo-nos considerar para nos livrarmos dos problemas da massificação, da falta de comunhão e unidade?

Neste tópico, Restauração da Igreja, poderíamos meditar em alguns pontos importantes, como:

1- Devemos checar com base exclusiva na Bíblia os vários dogmas advindos dos Concílios de Roma, principalmente, aqueles pós  Concílio de Nicéia que separaram a Igreja da comunidade de Israel e do povo judeu e, conseqüentemente, gerando e agravando o  antissemitismo e antijudaísmo hoje ainda existente no meio cristão;
2- Idem, para aqueles itens advindos dos pais da Reforma, Lutero, Zwingli, Calvino e outros. Por exemplo, as atitudes antissemitas de Lutero, o endosso à teologia da substituição, a desconexão da Igreja com Israel, etc;
3- O exagero e abuso trazidos pelos movimentos americanos da “Palavra da Fé”, como por exemplo, o exagerado e incompleto conceito de prosperidade, vida fácil para aqueles que se convertem, sucessos financeiros pela fé, mercantilismo da fé, etc;
4- Buscar no Antigo Testamento outras bênçãos além dos dízimos e prosperidade, como por exemplo, conhecer (não impor à igreja) os princípios divinos sobre qualidade de vida e inúmeros princípios éticos e sociais, relações familiares, de saúde, combate a pobreza, etc. mencionados largamente na Torá;
5- Entender no contexto judaico os princípios vividos e promulgados pelos apóstolos no primeiro século, como por exemplo, o conceito de unidade, comunhão, costumes e forma de estudar semanalmente a Palavra, (aqui entram o estudo das “Parashiot e das Haftarot”  ou o Estudo da Torá e dos Profetas em porções semanais, como eram feitos na época de Jesus);
6- Eliminar de vez o comércio em nome da fé. Vendas de bênçãos, promessas, costumes pagãos que tentam materializar a fé através de objetos, líquidos e outros produtos, que levam mais a um sincretismo religioso do que um crescimento saudável e maduro do viver pela fé;
7- Combater todo tipo de competição entre irmãos e entre denominações. Por exemplo, rádios e TVs evangélicas que são fechadas e não permitem a entrada de outra denominação diferente da sua;
8- Expurgar todo mundanismo dentro da Igreja, como por exemplo, festas pagãs, shows, comércios, etc;
9- Rever toda a estrutura da liderança da igreja. Por exemplo, os papéis dos presbíteros (restaurando suas funções ministeriais de pastores, mestres, profetas, evangelistas, apóstolos) e diáconos;

10-Deve ser revisto o conceito de igreja matriz que centraliza o controle sobre as congregações ou filiais em várias cidades, estados e até mesmo em países. O princípio da Igreja local deve ser respeitado, mas isto não impede a ação apostolar;
11-Deve-se voltar para obra missionária e social. A igreja evangélica tem feito muito pouco nessas áreas, principalmente, no aspecto social de ajuda aos carentes e pobres, quer sejam eles crentes ou não. Grandes investimentos são feitos em prédios, acampamentos e outros bens, enquanto outras recomendações bíblicas importantes são esquecidas. Por que não investir mais em áreas de aconselhamento pastoral, psicológico, mesmo na área da educação, da saúde e até mesmo assistência jurídica para atender os membros carentes, uma vez que o serviço prestado pelas autoridades de nosso país deixa muito a desejar?
12-Envolvimento dos líderes da igreja com o Estado e com a política devem ser avaliados. A bancada evangélica deveria trabalhar servindo aos interesses das comunidades que representam e não somente aos interesses das denominações a quais pertencem;
13-Voltar para as pequenas comunidades, bairros, ruas, desenvolvendo a pregação das boas novas e estudos bíblicos nas casas, às vezes é uma opção, se bem coordenada.
14-Restaurar o conceito de “Igreja” ou “Congregação” e  “Israel”. A palavra igreja, no hebraico, kahal, é a mesma usada em Atos 2. A Igreja de Deus começou no Sinai e foi solidificada em Atos:

a) No Monte Sinai no dia de Shavuot foi entregue a Torá como contrato de casamento entre Deus e os “chamados para fora”= Igreja (Kahal), ou no grego, “ekklesia”, com o mesmo sentido. É o remanescente justo de Israel (Ex19:3), a oliveira do Senhor (Rm11);

b) Esta igreja (Kahal) formada no Sinai é chamada de nação santa, reino sacerdotal (Ex19:5);

c) Esta igreja (kahal) foi formada pela descendência natural de Abraão, mas extensiva aos estrangeiros que creram no Deus de Israel e quiseram sair do Egito(Ex12:38);

d) Mas, esta igreja (Kahal) quebrou o contrato de casamento (Torá) por causa do coração de pedra ( Jr 31:32; Zc7:11-12);

e) Com o estabelecimento da Nova Aliança no sangue do Cordeiro Yeshua (profecia de Jr 31:33), o Espírito Santo, como em Shavuot (pentecostes), foi renovado neste contrato do Sinai com sua igreja a fim de que todos agora (judeus e não judeus) possam obedecer a Torá e o Evangelho de Yeshua.(Ez 36:26-27).
15- É necessário contextualizar o evangelho, biblicamente, conforme os princípios vividos e proclamados pelos apóstolos no primeiro século; por outro lado, os judeus crentes que foram descontextualizados para várias denominações precisam agora resgatar sua identidade judaica, vivendo e testemunho como judeus crentes, messiânicos;
16- Querendo ou não o cristianismo é judaico em sua essência (Rm1:16; Jo1:11)
 
17-O antissemitismo é anticristão (o judaísmo bíblico é a base do cristianismo; há promessas para Israel e o povo judeu ser salvo; A oliveira, a família de Deus, é constituída de judeus e gentios- Ef 2; Rm11;

18-Deixar de levar as boas novas aos judeus é uma forma de antissemitismo. Porém, não se evangeliza Israel com panfletos jogados em sua janela. É necessário amá-los e aproximar-se deles, não impondo dogmas, porque na verdade a fé genuinamente cristã é uma fé de origem judaica. Mas, deve-se mostrar com base no “Tanach
[4] a pessoa do Messias Yeshua judeu. Nunca devemos desconectar o judeu do judaísmo bíblico para transformá-lo em um membro de uma congregação evangélica. Ele é judeu, crê na mesma Bíblia (antigo Testamento) que você crê, então, basta apresentar a ele a Pessoa do Messias Yeshua que veio ao mundo para ISRAEL e também todos os que através dele desejem compartilhar da aliança que o Deus criador tem com esse Israel. São inúmeras também as passagens bíblicas no Antigo Testamento que nos ensinam diferenciar o Jesus como Ben José (filho de José – que veio morrer no madeiro se fazendo maldição pelos nossos pecados) e Jesus como filho de David, quando voltará para estabelecer um reino de paz e poder;

19-Como será abençoada a Igreja?

- “Abençoarei os que te abençoarem (bênçãos espirituais e materiais)”- (Gen 12:3; Rm 15:27);

- Como já dito acima, levando as Boas Novas aos judeus você estará colaborando para a vinda do Messias em Glória.(Rm11:15)

- “Orai pela paz de Jerusalém; prosperem aquele que te amam”. A Igreja se esquece muitas vezes que o inferno não prevalece contra ela, e por isso, ela pode gerar a salvação de Israel orando por Jerusalém. Orar por Jerusalém nos traz prosperidade. Por que não podemos ter o hábito de orar por Jerusalém em todos os cultos e encontros que se tem na igreja? Por que não?!

20-Como será abençoado o povo judeu?

- Pela igreja gentílica enxertada na verdadeira oliveira, levando para eles a seiva de Yeshua;

- A igreja irá colocar ciúmes no coração de Israel e nos judeus não crentes. Pelo amor e misericórdia para com eles todos serão alcançados (Rm 9:11,26).

21 - D-us concluirá seu plano de salvação para com os judeus e nação de Israel (Rm11:26) e implantará seu reino (Ap 20:2) com seus eleitos judeus e gentios justificados pela pessoa do messias Yeshua Há Mashiach;

22 - ...” Aquele que testifica estas coisas diz: Certamente cedo venho. Amém; vem, Senhor Jesus. (Marah n´atá!). A graça do Senhor Jesus seja com todos.”[5]

Estamos apenas no começo de uma nova visão para a Igreja. A Reforma foi boa, mas agora queremos algo mais genuíno e original. Queremos nossas raízes da fé de volta. Queremos nosso messias judeu que foi ao longo dos tempos descaracterizado de Israel e de Seu o povo. Queremos ver a família de Deus unida, judeus e gentios em Cristo (Ef 2:19). Queremos receber uma nova unção de cura, milagres e maravilhas como na época da igreja do primeiro século. Por outro lado, se queremos o poder da Igreja do primeiro século, com certeza também virá sobre nós a perseguição da Igreja daquela época. Mas, o que queremos é cumprir o propósito do Senhor e orar para que Ele abrevie o seu retorno. Amém.

(*) Marcelo Miranda Guimarães - Engenheiro Industrial, MBA em Economia, Teólogo, Rabino Messiânico ordenado pelo Netivyah Bible Instruction Ministry-Jerusalém-Israel com endosso da UMJC (Union of Messianic Jewish Congregations). Fundador do Ministério Ensinando de Sião, do Cates, da Abradjin  e da Congregação Har Tzion em Belo Horizonte-Brasil.


[1] Emuná, no hebraico, significa fé e obediência, pois não há sentido em crer e não obedecer
[2] Has vê Halilá , no hebraico, significa “de jeito nenhum!” ou “não permita Deus!”. Termo usado freqüentemente pelo Ap. Paulo e profetas.
[3] Salmo 19:7
[4] Tanach, Acróstico das palavras Torá, Niviim e Chetuvim, ou seja, o Pentateuco, os profetas e os Escritos que compõem o chamado Antigo Testamento.
[5] Apocalipse 22:20-21

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